Como escolher o terreno perfeito para construir?
O primeiro passo para quem deseja construir a casa própria é escolher o terreno que abrigará o endereço fixo da família. A localização da área é um dos fatores que mais pesam na decisão dos compradores, que muitas vezes deixam de analisar outras características que interferem diretamente no valor do lote e, até mesmo, nas possibilidades de implantação da obra.
A topografia do terreno, a largura do lote e a presença de árvores nativas estão entre os aspectos que devem ser levados em consideração no momento da compra. Recuos necessários devido à passagem de tubulações de empresas de saneamento ou ao afastamento mínimo das divisas do terreno também precisam ser observados, ensina Antonio Giacomo Trica, engenheiro civil.
Para que o proprietário não tenha surpresas futuras, Trica aconselha que antes da aquisição do imóvel o comprador retire as guias amarela e azul junto à prefeitura, além de uma matrícula atualizada no registro de imóveis. “Esses documentos trazem informações sobre as possibilidades de ocupação do lote, como número de pavimentos e destinação do imóvel, além de possíveis pendências jurídicas ou financeiras relacionadas ao terreno”, explica.
Outra dica é medir pessoalmente ou com o auxílio de um engenheiro as dimensões do lote para verificar se estão de acordo ou, então, para corrigi-las, caso haja alguma irregularidade. Isso previne problemas na emissão do alvará de construção e do Habite-se da obra.
Definição do projeto auxilia na escolha do terreno
Ter um mente o tipo de imóvel que se deseja construir também é fundamental para acertar na escolha do terreno. Dessa forma, o comprador pode restringir a pesquisa aos lotes que contemplem as dimensões e características necessárias para abrigar a residência. “Muitas vezes, as pessoas não levam o projeto em consideração no momento de fechar o negócio e compram terrenos incompatíveis ao que desejam construir” explica o arquiteto Rodrigo Freire.
Terrenos com desníveis acentuados, por exemplo, não são indicados para pessoas que não gostam de escadas, pois exigirão grandes investimentos na remoção de terra com o objetivo de nivelar o lote. Já quem não tem nas escadas um fator limitador pode abusar das soluções que a arquitetura oferece para deixar o imóvel criativo. “Os terrenos acidentados são muito interessantes do ponto de vista arquitetônico. Os altos e baixos do lote permitem a construção de um imóvel muito mais rico estética e espacialmente, além de ser uma solução sustentável”, afirma o arquiteto José Vicente Lopes.
Também é preciso observar questões relacionadas à ensolação, ventilação e vista do terreno, que podem ser impactadas pelas construções vizinhas. Lopes lembra que de nada adianta o lote ter face norte, por exemplo, se há um edifício próximo que encobre a luminosidade e faz sombra no terreno. “O barulho da rua, do vizinho, são inúmeras as questões a serem avaliadas. A cidade muda constantemente, por isso é importante prestar atenção às características atuais do lote e tentar prospectar as possíveis alterações na vizinhança para o futuro”, lembra o arquiteto.