Introdução aos Princípios Arquitetônicos
Princípios Arquitetônicos
Analisar um ambiente parece algo simples: paredes, objetos, cores e texturas. Mas para os profissionais que trabalham com o espaço, esta é uma tarefa bem mais complexa: planos, superfícies, formas, escalas, texturas, cores.... O objetivo deste texto não é explicar todo o assunto, até porque seria longo, mas sim permitir uma compreensão maior do trabalho do profissional da construção e da decoração e sua importância. Quem gosta de se aventurar neste campo, para ter sucesso, deve dominar estes princípios.
Arte
A arte está diretamente relacionada à expressão, sendo algo sensorial. Através dela sentimos, indagamos, analisamos e conhecemos o mundo à nossa volta. Ela é a maneira pela qual o homem expressa suas ideias e pensamentos e faz com que os demais sintam o que se passa por dentro de sua mente e de seus sentimentos. Cada período da história apresentou uma arte com características próprias: no período clássico imitava-se a natureza, durante o período medieval foi muito utilizada pela religião (igrejas) e já foi e ainda é utilizada para expressar prazer ou fenômenos sociais.
Arquitetura
A Arquitetura é considerada uma arte. Através dela o ser humano representa épocas, permite mudanças e faz releituras de situações. Ela permite ver o espaço de maneira articulada e trabalhar seus elementos para criar sensações, agindo diretamente no íntimo do usuário daquele espaço. Exatamente por isso tem responsabilidade social e funciona como uma ferramenta de leitura, análise e construção de ambientes que serão vividos e que abrigarão relações pessoais em seu interior (isso explica a importância do arquiteto na sociedade) - Leia também: Arquitetura: Qualidade de Vida
O “Espaço”
O homem habita e estabelece relações com o espaço: dentro/fora, longe/perto, separado/unido. A maneira como entendemos este espaço depende de nossas vivências. Assim se somos pedestres, vemos a cidade de certa maneira, mas se somos motoristas, temos outra visão. O espaço é determinado por alguns elementos:
- Verticais: estas formas são mais ativas e delimitam bem o espaço criando a sensação de fechamento;
- Horizontais: são elementos mais tranquilos e marcam principalmente planos.
1) Primeiro temos um plano determinando um espaço acima e abaixo dele (podemos chamá-lo de plano base); 2) Quatro elementos verticais criam uma tensão entre eles gerando a sensação de que há um espaço no seu interior; 3) Um plano sobre o plano base cria um espaço à sua frente; 4) Dois planos sobre o plano base criam um espaço que direciona para a direita; 5) Dois planos paralelos criam um corredor entre eles, assim como a sensação de circulação; 6) Três planos sobre o plano base geram um espaço com apenas um lado aberto; 7) Quatro planos sobre o plano base criam um “cômodo” que visto de cima mostra-se fechado e protegido, apenas com sua parte superior livre.
Características do Espaço Arquitetônico
O espaço possui:
- Tamanho (comprimento, largura, profundidade);
- Forma, que é seu contorno (formas geométricas como o cubo, o círculo, o prisma, o triângulo...);
- Cor (resultado da incidência de luz) e textura (principalmente é algo tátil e interfere na maneira como o objeto reflete ou absorve a luz que incide sobre ele);
A maneira como são distribuídos e organizados, geram sensações e organizam o dia-a-dia do ser humano.
Estes objetos podem ser posicionados de diferentes maneiras, orientações e de acordo com isso pode ser inerte ou criar a sensação de que é instável.
Neste exemplo, um cubo está apoiado no plano (inerte) enquanto o outro se equilibra sobre um de seus vértices (gera a sensação de instabilidade, parecendo que irá cair).
Aberturas
As aberturas são responsáveis por determinar os acessos e circulações, ou seja, o uso daquele determinado espaço. As portas permitem o acesso direto, enquanto as janelas favorecem não só as entradas de luz e de ventilação como também estabelecem relações visuais unindo os espaços contíguos (vizinhos). A maneira como sentimos os ambientes depende das características destas aberturas.
Beleza
Definir o que é belo é uma questão filosófica que perdura há muitos séculos. Mas no geral, algo se torna belo em função de:
- Sua forma (linhas, superfícies, volume, cor, luz, texturas);
- Seus detalhes (harmonia, contraste, continuidade);
- Sua funcionalidade;
- Por ser inovadora (releitura);
- Por possuir significado (identificação com os usuários).
Elementos
Podemos reunir as diversas formas criando continuidade (uma ao lado da outra de maneira linear), articulá-las, fazer uma penetrar na outra. Podem ainda ser apenas uma unidade ou ainda ser a reunião de várias.
É possível estudar muitas maneiras de ver estes objetos combinados. Abaixo segue um exemplo visual.
Exemplos de Arquitetura
Após mostrar alguns elementos, podemos observá-los na prática! Identifique-os nas imagens abaixo. Os dois arquitetos selecionados possuem linguagem bem diferentes, Frank Gehry trabalha com formas que transmitem inconstância, já Frank Lloyd Wright trabalha planos e materiais mais harmoniosos e que transmitem tranquilidade e harmonia.
Conclusão
Através da arte podemos expressar o que sentimos. Existem muitos tipos de arte e uma delas é a arquitetura. Através desta o arquiteto analisa as formas, superfícies, planos, arestas e todos os elementos que compõe o espaço, permitindo que sua reunião transmita ideias e conceitos. Seja em pequenos ambientes seja em cidades, a distribuição dos elementos definem sensações e norteiam atitudes. Geram ação ou inércia (verticalidade/cores fortes ou horizontalidade/cores neutras respectivamente), definem percursos ao estabelecer caminhos como corredores e calçadas, enaltecem edifícios ou ainda podem criar locais desagradáveis caso seja a intenção. Usamos estes elementos em tudo: ao criar pórticos para marcar acessos, ao criar escadas para subir ou descer, ao escolher as cores das paredes e dos objetos. O espaço criado por cada um reflete a leitura que possui da realidade. Expõe sua personalidade e diz muito sobre quem é (passado, presente e futuro). O ambiente pode influenciar positivamente ou negativamente as pessoas (confira o artigo Ambiente e Saúde). Pode ajudar a vender mais, a trazer mais prazer para o dia-a-dia, fortalecer laços pessoais, favorecer a boa saúde - para saber mais, conheça os princípios divulgados pelo Feng Shui. O importante é perceber o espaço e trabalhar corretamente seus elementos em função de quais objetivos se quer atingir.
Saiba mais
Você também poderá buscar mais informações através de cursos e livros sobre o assunto:
- Guia Clique Arquitetura: Cursos e Palestras de Arquitetura e Engenharia
- Livro: Arquitetura, Forma, Espaço e Ordem - Para quem desenvolve projetos este livro é de "cabeceira". Traz ótimas ilustrações e explica de maneira fácil e clara os princípios arquitetônicos. Possui as bases para a definição do "partido arquitetônico".
Pesquise preços noBuscapé: Arquitetura, Forma, Espaço e Ordem
Fontes Consultadas e Indicadas
- CHING, Francis D. K. Arquitetura, Forma, Espaço e Ordem. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
- Great Buildings Collection. Acesso em: outubro, 2009.
Fonte: Clique Arquitetura | http://www.cliquearquitetura.com.br/portal/dicas/view/introducao-aos-principios-arquitetonicos/22